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País

Rio poderá rever critério de uso de sirenes de chuva, diz Crivella

A Defesa Civil trabalha com parâmetro de 55 milímetros de chuva em uma hora para ligar os equipamentos

A chuva causou mortes e destruição (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Rio de Janeiro/RJ – Os parâmetros que justificam o acionamento de sirenes em casos de chuvas fortes podem ser mudados, para dispararem mais precocemente, pois os equipamentos instalados no Morro do Vidigal não foram ligados ontem (6), apesar da tempestade que caiu sobre a região, causando mortes e destruição. A possibilidade de mudança nos critérios de acionamento das sirenes foi cogitada hoje (7) pelo prefeito do Rio, Marcelo Crivella, em coletiva de imprensa.

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“É bem verdade que, diante dos fatos, a gente pode mudar esse protocolo. Porque poucos milímetros de chuva causaram grandes tragédias aqui no Rio”, disse Crivella, após explicação dada pelo superintendente operacional da Defesa Civil do município, Rodrigo Bissoli, sobre o motivo das sirenes no Vidigal não terem sido acionadas.

Segundo Bissoli, a Defesa Civil trabalha com parâmetro de 55 milímetros de chuva em uma hora para ligar os equipamentos. Porém, conforme constatado pela reportagem da Agência Brasil ontem, dados da própria prefeitura, na página Alerta Rio, apontavam 57,8 milímetros de chuva em uma hora, às 22h, o que justificaria o acionamento das sirenes no Vidigal. Quando elas são ligadas, os moradores têm que sair de casa e se dirigirem para pontos de apoio seguros pré-determinados, já conhecidos pela comunidade.

Bissoli garantiu, durante a coletiva, que todas as 165 sirenes no município estão funcionando e argumentou que os pluviômetros usados pela Defesa Civil não são os mesmos usados como referência pelo Sistema Alerta Rio, também da prefeitura, o que explicaria o seu não acionamento ontem no Vidigal.

Evento raro

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, fala sobre os estragos das chuvas que atingiram a cidade (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

O prefeito do Rio justificou os estragos causados pelo temporal, que deixou seis mortos e muitos imóveis danificados ou destruídos, como um evento raro. “Ninguém esperava. Foi algo extraordinário. Foi uma chuva que a recorrência é mais de 100 anos, 120 anos”, disse Crivella.

Questionado se houve diminuição na aplicação de recursos públicos na prevenção dos efeitos das chuvas, Crivella disse que está havendo investimentos no setor. “Nós temos aplicados recursos contra enchentes de maneira prévia. Há três meses nós começamos um grande mutirão de limpeza de bueiros. Talvez seja por isso que nós não tenhamos encontrado situações piores”.

Crivella disse que o município atravessa uma crise financeira herdada da gestão anterior, que fez, segundo ele, gastos excessivos durante os Jogos Olímpicos, que precisam ser pagos agora.

“A cidade do Rio de Janeiro vive uma crise econômica e financeira das piores do Brasil. A cidade perdeu 350 mil empregos de 2015 a 2018, teve queda na arrecadação e uma dívida imensa para pagar devido às Olimpíadas. Foi R$ 1,2 bilhão no primeiro ano de governo e R$ 1,5 bilhão no ano passado. Só aí foram R$ 2,6 bilhões. É difícil fazer os investimentos que gostaríamos, diante do tamanho compromisso financeiro assumido pelo governo anterior e que ficou para nós.”

Por Vladimir Platonow – Repórter da Agência Brasil